No Brasil empresas de tecnologia sobrevivem à crise e impulsionam novos negócios

Desde a segunda semana de março de 2020 diversas empresas adotaram o lockdown, mesmo antes do anúncio oficial dos governos de estados que aconteceu em maio. Desde então a economia do Brasil ainda responde de forma negativa à pior crise sanitária dos últimos tempos. Endividamento do governo, demissões em massa, fechamento de empresas e baixo volume de investimento no país geram incertezas no futuro da economia brasileira. 

No entanto, para algumas empresas, a pandemia não foi ruim na perspectiva econômica Afinal, elas geraram lucro, e estão ajudando a manter a economia de pé, gerando postos de trabalho e mantendo assim um pouco de otimismo nos brasileiros.  Esse é o caso de setores da tecnologia, alimentos e bebidas e delivery, por exemplo, que viram seus negócios decolarem com a necessidade do isolamento social. 

A agropecuária aumentou a sua participação no PIB brasileiro de 5,1% em 2019, para 6,8% em 2020. O setor de construção também percebeu aumento da demanda e foi um dos que mais prosperaram durante a crise do coronavírus. Segundo a Pesquisa Mensal do Comércio, do IBGE, o setor teve 10,8% de alta em 2020. Na indústria, ganhou destaque a fabricação de produtos alimentícios (4,2%). No comércio, supermercados e hipermercados também cresceram com força (4,8%), junto com artigos farmacêuticos (8,3%).

O e-commerce brasileiro também ganha destaque, pois apresentou um crescimento de 75% em 2020 se comparado ao ano anterior, isso se deu, sobretudo, após o início do isolamento social. 

O Vice-presidente da Tatix Full Commerce, Giordano Magalhães, viu as buscas pelos negócios dobrarem. Isso porque o serviço oferecido pela empresa, que é operacionalização de todo processo de e-commerce, se tornou algo essencial para quem não queria perder vendas. Essa corrida para a migração para o online fez a Tatix crescer mais de 200%. 

Outra que viu seus negócios decolarem, também da área de tecnologia, foi a HubLocal. Fundada no Ceará em 2019 por Felipe Caezar e Rodrigo Coifman, a startup faz com que empresas atraiam mais clientes através da internet, fazendo com que elas sejam encontradas mais facilmente nos principais mapas e listas da internet. E com a solução e necessidade de serviços se destacarem no ambiente digital, cresceu 1.000%.  

A Flapper, primeira empresa de aviação executiva sob demanda no Brasil, também sobreviveu à pandemia e vem crescendo. A empresa atingiu um crescimento de receita de mais de 100% em 2020, comparando com o ano anterior. Se comparado a janeiro de 2020, as cotações na Flapper tiveram uma alta de 397% no primeiro mês de 2021. Grande parte dessa demanda vem de novos entrantes no mercado que têm renda disponível adequada, mas nunca voaram de avião privado antes. E vale ressaltar que a Flapper seguiu uma tendência do setor que vem crescendo no Brasil e no  ano de 2020 ficou 4% acima se comparado a 2019 considerando os principais aeroportos do Brasil, segundo dados da Decea. Isso é contra as tendências nos EUA e Europa onde a aviação geral caiu entre 15% a 30%, por exemplo. 

A Carupi, startup pioneira na compra e venda de veículos sem sair de casa, cresceu 500% em 2020. “A redução de oferta de novos e a consequente diminuição de oferta de seminovos por grandes players, como as grandes locadoras, fez com que o seminovo se tornasse uma opção com mais variedade e melhor custo-benefício”, explica Diego Fischer, CEO da Carupi. 

Outra startup que cresceu, mas atuando com inteligência de mercado foi a mineira Crawly. Fundada em 2017, a empresa cresceu 500%, desde a sua inauguração até hoje e nessa retomada em 2021 foi procurada principalmente por empresas que queriam investir na análise de dados para se destacarem da concorrência. “Durante a pandemia o mercado desacelerou, mas voltou a crescer desde o final de janeiro. Tivemos muita procura de clientes de mercado imobiliário, varejo, E-commerce e veículos, como transportadoras, locadoras e seguradoras. Esse último porque lançamos um produto específico para monitorar a situação de frotas”, observou João Drummond, CEO da startup.  

Em um dos sistemas tributários mais burocráticos do mundo, a Dootax, que nasceu com o objetivo de simplificar as rotinas fiscais das empresas através da tecnologia, oferecendo soluções de robotização para a área fiscal, cresceu 100% em 2020. 

Segundo Thiago Souza, head de marketing e co-fundador da startup, o crescimento foi ocasionado pela necessidade da transformação digital das empresas em tempos de pandemia, para mais agilidade na liberação de produtos de e-commerce, marketplaces e importação de mercadorias que caíram no canal de licenciamento. Além disso, a otimização de processos ajuda a eliminar tarefas manuais e repetitivas nos departamentos fiscais, preservando os colaboradores para tarefas estratégicas, e fez com que a startup, que atende 200 grupos econômicos, como a varejista Magazine Luiza, atingisse esse crescimento. 

A Cash.in, fintech para o pagamento de prêmios de incentivo, que oferece uma carteira digital aos usuários e otimiza a entrega desse tipo de pagamento perante as empresas, fechou 2020 com um crescimento de  309%  volume transacionado na plataforma. 

Segundo Nani Gordon, fundadora da startup, esse crescimento se deve ao distanciamento social e a maior busca por empresas por pagamentos digitais.

“A Cash.in consegue chegar em todos os colaboradores instantaneamente, mesmo terceirizados, e oferece diversas formas de resgate do crédito recebido. Estamos crescendo muito e já em 2021 fechamos três novos clientes que triplicam nosso número de usuários na plataforma”,  finaliza  a executiva.

Foto: Unsplash

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