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Da abundância ao desperdício: a contradição da energia limpa

Por Gustavo Ayala, CEO do Grupo Bolt

O Brasil vive hoje um paradoxo energético que ameaça sua capacidade de liderar a transição verde. Temos uma das matrizes mais limpas do mundo, um potencial extraordinário em energia solar e eólica e um mercado cada vez mais atento à sustentabilidade. Ainda assim, seguimos desperdiçando parte dessa produção renovável e transferindo o custo dessa ineficiência para o consumidor.
 

Dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) mostram que a capacidade de geração no país pode alcançar 281,6 gigawatts até 2027, enquanto a demanda projetada gira em torno de 111 gigawatts. Temos, portanto, uma oferta robusta mas que esbarra em gargalos crônicos de infraestrutura, especialmente no escoamento da energia gerada.

Um exemplo recente dessa disfunção aconteceu na Bahia, que registrou em junho um dos maiores maiores índices de curtailment entre os estados brasileiros durante o mês: 24% de toda energia solar produzida teve que ser descartada por falta de capacidade na rede elétrica. A média nacional também esboça um percentual preocupante, o desperdício de energia renovável atingiu o nível assustador de 28%. Em outras palavras, desligamos usinas operando em pleno potencial porque não conseguimos transmitir o que foi gerado. Trata-se de um desperdício estrutural, não pontual.  

E a tendência é de agravamento: segundo projeções da consultoria Wood Mackenzie, os cortes na geração de energia renovável no Brasil podem aumentar em 300% até 2035. Isso porque, embora o país deva adicionar 76 gigawatts (GW) em nova capacidade de geração solar e eólica terrestre na próxima década, os gargalos de infraestrutura para escoar essa energia ainda persistem e não estão sendo solucionados com a mesma velocidade com que a geração cresce.

Paradoxalmente, enquanto essa energia limpa é descartada, o país ainda recorre a usinas termelétricas, que são mais caras e poluentes, para garantir o abastecimento em horários de pico, como à noite, quando não há produção solar. O impacto é direto na tarifa de energia, que sobe, e nas emissões de carbono, que aumentam. Ou seja, o discurso da transição energética não está sendo acompanhado por uma prática compatível.

O problema não está na geração, mas sim no modelo de planejamento do setor, historicamente reativo. Continuamos estimulando projetos renováveis em regiões onde não há linhas de transmissão adequadas. Ao mesmo tempo, os investimentos em tecnologias de armazenamento, fundamentais para estabilizar o sistema, seguem engatinhando. Estamos priorizando quantidade, mas negligenciando inteligência.

Esse cenário representa uma ameaça, mas também uma oportunidade. Para transformar abundância em vantagem competitiva, o Brasil precisa rever sua lógica de operação. É preciso acelerar a digitalização da rede elétrica, fomentar soluções híbridas com baterias, aprimorar a previsão de demanda e, acima de tudo, alinhar regulação e inovação. O marco regulatório precisa sair da inércia e estimular quem busca eficiência, flexibilidade e sustentabilidade.

Empresas que atuam na vanguarda da transição energética já estão se mobilizando para propor soluções que vão além da geração. O papel do setor privado, nesse contexto, é liderar o debate e antecipar modelos mais inteligentes de operação.

Desperdiçar energia limpa não é apenas um erro técnico, é um erro estratégico. Em um mundo que caminha rapidamente para descarbonizar suas matrizes, abrir mão de uma vantagem como a brasileira é inaceitável. Temos sol, vento, conhecimento e tecnologia. Só nos falta agir com a urgência que o momento exige.

Gustavo Ayala é CEO do Grupo Bolt. Atua na liderança de estratégias inovadoras voltadas à transformação do setor energético, com ênfase em soluções sustentáveis, uso inteligente de dados e eficiência no consumo. À frente da companhia , impulsiona o desenvolvimento de tecnologias que otimizam o uso de recursos renováveis, consolidando a empresa como referência em transição energética no Brasil.

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