Como o que você veste no frio pode afetar seu humor e autoestima

Durante os meses frios, o vestuário pode ser aliado no enfrentamento da apatia e da queda de energia. Para a psicóloga e stylist Marcia Jorge, vestir-se com intenção é um gesto de cuidado emocional.

O mês de julho marca o auge do inverno no Brasil e é palco também para  o pico de um fenômeno que vai além das temperaturas, que é  o impacto do frio no estado emocional. Segundo estudo conduzido pelo Instituto de Psicologia da USP, há aumento nos relatos de sintomas de depressão, ansiedade e apatia durante os dias mais cinzentos e gelados do ano.

E o modo como se veste tem um impacto direto na forma como nos percebemos e nos relacionamos com o mundo segundo Marcia Jorge, que atua no mercado da moda desde 1998 e é conhecida por unir repertório estético e escuta psicológica em suas mentorias.

Nesse contexto, a especialista em consultoria de imagem, Marcia Jorge propõe um olhar diferente para este cenário, em enxergar  o modo como nos vestimos no inverno e como isto pode funcionar como um recurso de auto regulação emocional. “É comum que, nos dias frios, as pessoas escolham roupas apenas pela praticidade ou pelo conforto térmico, deixando de lado aspectos simbólicos e afetivos da vestimenta”, afirma Marcia. 

Para a especialista, a escolha de cores, texturas e formas pode funcionar como estratégia para sair da inércia causada pelo frio. “Tecidos agradáveis ao toque, combinações que valorizam nossa silhueta e elementos que trazem identificação pessoal  como uma peça com história ou uma cor que nos anima funcionam como âncoras emocionais”, explica Marcia. Pra ela vestir-se bem no inverno não é vaidade, mas sim uma forma de autocuidado”.

Estudos da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) indicam que o inverno pode intensificar sintomas de ansiedade e depressão, especialmente nas regiões onde há menor exposição à luz solar. O fenômeno, conhecido como Transtorno Afetivo Sazonal (TAS), é reconhecido pela comunidade médica e tem impacto direto no humor, energia e motivação. Para lidar com esse cenário, pequenas rotinas de bem-estar, como o cuidado com a alimentação, a movimentação do corpo e até o ato de se vestir, ganham relevância.

A psicóloga ressalta que cores mais quentes ou vibrantes, como tons de vermelho, mostarda e coral, podem estimular sensações de vitalidade e entusiasmo. Já tecidos como lã macia, tricô ou veludo cotelê ajudam a compor uma experiência tátil acolhedora, ativando sensações associadas ao conforto e à segurança. “Nosso cérebro responde aos estímulos sensoriais e simbólicos das roupas. Uma peça que carrega memória afetiva, por exemplo, pode evocar sentimentos de pertencimento ou resgate de identidade, fatores importantes quando o emocional está mais fragilizado”, explica.

Além do mais, a psicologia da moda, campo que investiga a relação entre vestuário, comportamento e identidade, aponta que há uma conexão direta entre aparência e emoções. Um levantamento publicado no Journal of Experimental Social Psychology indicou que o uso de roupas associadas à autoconfiança pode aumentar a performance e a percepção de competência em ambientes profissionais.

Marcia Jorge defende que pequenos rituais ao se vestir no inverno ajudam a combater a sensação de desânimo típica da estação. “Mesmo em home office, trocar o pijama por uma roupa que te represente já é uma forma de se colocar no mundo com presença”, diz. Segundo ela, o vestir consciente pode ser um recurso acessível e diário para resgatar a autoestima em períodos mais introspectivos.

Além de ter um portfólio  de stylist e figurinista para marcas que são referência no mercado, como  Grupo Boticário, Avon, Romanel, Ibramed, Amanco, Coca-Cola e Porto Seguro,  Marcia é uma das vozes que propõem uma moda mais conectada ao bem-estar e à autenticidade. “Estilo não é sobre tendência, é sobre verdade. No inverno ou no verão, vestir-se com intenção é uma forma de manter acesa a nossa identidade”, conclui.

Leave a Reply

Your email address will not be published.