Brasil: o país onde definir metas de curto prazo é mais do que fundamental

*Por Pedro Signorelli

Você com certeza já deve ter ouvido alguém falar ou aconselhar para que defina, em sua vida, “metas a longo prazo”. Seja aquela voltada para a vida profissional, para bens pessoais ou relacionamentos. Nós temos como metas a longo prazo os “sonhos” que pretendemos alcançar.

No entanto, acredito que em qualquer parte do mundo, mas em especial no Brasil, muitos fatores impactam o caminho pelo qual havíamos planejado alcançar um objetivo. Muito por conta do caos político e econômico que vivemos e revivemos ano após ano, que influencia e nos obriga a esquecer a meta do longo prazo e  focar os esforços no curto prazo, por vezes, para resolver algum novo problema causado por esse cenário de inconstância.

E, por isso, temos que ser mestres em criar metas de curto prazo. Momentos de crise geralmente possuem diversas oportunidades para que se reveja as estratégias e processos que não funcionam mais, como por exemplo, levar uma grande quantidade de dias – meses até – organizando e definindo metas, que, no meio do ano não farão mais sentido, pois o cenário está completamente mudado.

É aí que podemos apostar em adotar um planejamento baseado em OKRs – Objectives Key Results (Objetivos e Resultados Chave) -, que determina a avaliação constante de resultados e de objetivos em ciclos mais curtos. Em um contexto de volatilidade maior, como o atual, em que vivemos um momento de incertezas econômicas com os primeiros dias do novo governo, bem como a crise energética e a Guerra da Ucrânia/Rússia, o método nos permite fazer adaptações que vão nos levar ao sucesso de nossos anseios. Vale destacar, que agora temos esse cenário, mas é fato que, em outras ocasiões, tínhamos outros problemas que nos deixavam incertos quanto ao futuro.

Pensando na gestão da empresa, a construção dos OKRs permite uma estratégia compartilhada do que se almeja enquanto estratégia, mostrando com clareza o que é importante e engajando os colaboradores em torno desta agenda. Nesse tipo de gestão, o plano é dividido em ciclos menores que são sempre revisitados. E, ao definir metas curtas, trimestrais por exemplo, além das mais almejadas, que geralmente são de longo prazo, faz com que a empresa possa avaliar se os resultados estão sendo alcançados como o esperado ou se é preciso realinhar a rota. 

Os planejamentos empresariais do modelo comum, geralmente são feitos entre poucas pessoas, altos executivos, que possuem um pensamento mais amplo do que se quer alcançar, geralmente métricas de longo prazo, o que, estruturalmente, não engaja os colaboradores no dia a dia.

Hoje, é de extrema importância que o colaborador se sinta parte do processo, e possa ajudar não só na execução das tarefas, mas também na construção de metas, pois desta  forma, se engajará mais para alcançá-las. Lembre-se que muita coisa pode acontecer do momento em que colocamos uma meta no papel ao momento em que devemos entregá-la.

O envolvimento de todo o time no processo é uma das principais diferenças entre o modelo de OKR para o método tradicional, que por vezes, nem chega a acompanhar o passo a passo, pois “não há tempo para isso”, o que, além de errado pode, muitas vezes, jogar contra a própria empresa.

*Pedro Signorelli é um dos maiores especialistas do Brasil em gestão, com ênfase em OKR. Já movimentou com seus projetos mais de R$ 2 bi e é responsável, dentre outros, pelo case da Nextel, maior e mais rápida implementação da ferramenta nas Américas. Mais informações acesse: http://www.gestaopragmatica.com.br/

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