Corais podem evitar R$ 160 bilhões em danos ao litoral do Nordeste

As franjas de recifes de corais que atraem turistas para a costa do Nordeste brasileiro também funcionam como importantes barreiras contra a ação do mar em muitas cidades da região.

Um estudo inédito, realizado pela Fundação Grupo Boticário, mostra que essas formações naturais impedem prejuízos de até R$ 160 bilhões na infraestrutura urbana, reduzindo a força e a altura das ondas que chegam ao litoral.

Recife(PE), 24/10/2023 - Explosão de ondas nos recifes costeiros na praia do Buraco da Véia, com a orla de Boa Viagem ao fundo, funcionando como barreira natural. As formações rochosas absorvem até 96% do impacto das ondas.  Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil
Explosão de ondas nos recifes costeiros na praia do Buraco da Véia, com a orla de Boa Viagem ao fundo. As formações rochosas absorvem até 96% do impacto das ondas – Fernando Frazão/Agência Brasil

O valor foi calculado usando como base o potencial prejuízo que ressacas e tempestades poderiam causar a estruturas como prédios, casas, indústrias, portos, rodovias, ruas e calçadas, por exemplo, caso não houvesse recifes de corais para amortecer as ondas mais fortes.

Quatro cidades foram usadas como parâmetro para o cálculo (Recife e Ipojuca, em Pernambuco; e Maragogi e São Miguel dos Milagres, em Alagoas). Os valores encontrados nessas cidades foram depois extrapolados para outros municípios que também recebem a proteção dos recifes.

Já as cidades costeiras não protegidas por recifes de corais como Santos ou Rio de Janeiro, por exemplo, enfrentam destruição de estruturas da orla quando se veem afetadas por ressacas mais fortes.

Turismo

“Já é conhecido que os recifes de corais prestam diversos serviços, entre eles a proteção costeira e o turismo. O que nós trouxemos foram valores, em reais. Todo esse patrimônio, seja cultural, público ou particular, está sendo protegido diariamente pelos recifes de coral”, explica a bióloga marinha Janaína Bumbeer, gerente de projetos da Fundação Boticário.

Tamandaré (PE), 25/10/2023 - A bióloga Janaína Bumbeer, doutora em Ecologia e Conservação Marinha, mergulha no recife Pirambu, na APA Costa dos Corais. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil
A bióloga Janaína Bumbeer, doutora em Ecologia e Conservação Marinha, mergulha no recife Pirambu, em Tamandaré (PE) – Fernando Frazão/Agência Brasil

Além de evitar danos bilionários, os 170 quilômetros quadrados (km²) de franjas de recifes de coral que existem no Nordeste brasileiro também podem gerar, anualmente, R$ 7 bilhões em receitas, com atividades de turismo como mergulhos e passeios de barco.

O estudo considerou a receita gerada por essas franjas em Maragogi, São Miguel dos Milagres, Ipojuca (onde fica Porto de Galinhas), Caravelas (BA) – onde fica o arquipélago de Abrolhos – e Fernando de Noronha (PE). Esses destinos têm os recifes entre seus principais atrativos.

A partir daí, o estudo também fez extrapolações para municípios com potencial para explorar turisticamente essas formações costeiras, mas que ainda não o fazem.

Corais

Maragogi é um famoso destino da costa Nordeste brasileira devido às ‘piscinas naturais’ que rendem lindas fotos para as redes sociais e encantam turistas de todo o país. O que as pessoas chamam de piscinas naturais, no entanto, são áreas do mar abrigadas da força das ondas e das correntezas graças aos recifes.

Essas formações que parecem rochas são, na verdade, esqueletos de corais, animais da classe Anthozoa (a mesma das anêmonas), que têm seu corpo semelhante a gelatinas, mas que formam exoesqueletos (esqueletos fora do corpo, assim como os insetos) a partir do carbonato de cálcio.

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