Dolarização da carteira de investimentos ganha força entre brasileiros

A desvalorização do real e instabilidade global levam investidores a buscarem ativos atrelados ao dólar como forma de proteção patrimonial e diversificação

Em um cenário de juros ainda altos no Brasil, a estabilidade aparente de alguns tipos de investimentos tradicionais pode estar mascarando um risco importante: a desvalorização do real frente ao dólar. Diante desse fator, cresce o número de brasileiros — inclusive pequenos investidores — que buscam alternativas em ativos atrelados à moeda americana, como forma de proteção patrimonial e diversificação.
 

Segundo dados da plataforma INCO Investimentos Coletivos, que reúne mais de 350 mil investidores, indicam que as ofertas de renda fixa internacional têm ganhado espaço por apresentarem retornos da ordem de dólar +6% a 8% ao ano, com prazos definidos e potencial de valorização cambial.
 

Para Daniel Miari, CMO da INCO, o movimento reflete uma preocupação com a preservação do patrimônio no longo prazo. “Não se trata apenas de buscar rentabilidade. Desde o Plano Real, o real perdeu quase seis vezes seu valor frente ao dólar. Essa desvalorização se intensifica em momentos de instabilidade. O investidor que concentra toda a carteira em reais está sujeito à perda silenciosa de poder de compra internacional”, afirma.
 

Comparativo histórico: CDI x Dólar
 

Os números reforçam essa preocupação. De 2015 a 2025, o CDI acumulou 142%, mas, descontada a inflação, o ganho real foi de apenas 38%. Quando convertido para dólares, o retorno cai para cerca de 4% — aproximadamente 0,4% ao ano. Por outro lado, uma aplicação dolarizada com rendimento real de 6% ao ano teria gerado uma valorização de 79% em moeda forte no mesmo período, quase 20 vezes mais. Essa diferença tem levado muitos investidores a repensar a alocação de ativos. E a boa notícia é que o acesso a esses produtos tem se tornado mais simples.
 

Segundo a INCO, os investimentos dolarizados oferecidos na plataforma são feitos integralmente em reais, com conversão automática no ato da aplicação e no momento do resgate, sempre pela cotação do dia. Isso elimina barreiras tradicionais como a necessidade de abrir conta no exterior ou lidar diretamente com operações cambiais.
 

“O que antes era restrito a fundos sofisticados ou investidores com estrutura internacional hoje está acessível a um público muito mais amplo. O investidor pode, a partir de valores baixos, diversificar sua carteira com ativos dolarizados”, diz Miari.
 

Proteção em tempos de incerteza
 

A estratégia não é nova em mercados emergentes. Em países com histórico de instabilidade política ou econômica, como Argentina e Turquia, a proteção cambial é vista como ferramenta básica de gestão de risco. A lira turca, por exemplo, desvalorizou mais de dez vezes frente ao dólar entre 2016 e 2024.
 

“Não é preciso prever o câmbio para tomar essa decisão. Basta entender que o real é uma moeda estruturalmente frágil. Dolarizar parte da carteira é uma postura prudente, especialmente em um mundo volátil”, avalia o cofundador da INCO.
 

Com aportes mínimos a partir de R$500, a INCO oferece oportunidades não apenas em ativos dolarizados, mas também em outros tipos de investimentos com rentabilidades de até 22% a.a. A proposta é ampliar o acesso à diversificação, tradicionalmente concentrada em investidores com maior patrimônio.
 

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